Ponto de Partida

O ator e diretor Eduardo Moreira, um dos fundadores do Grupo Galpão, apresenta seu espetáculo solo na Estação Ponto de Partida, nos dias 19 e 20 de maio.

Nascido do encontro entre os artistas Eduardo Moreira (Grupo Galpão), Marcelo Castro (Grupo Espanca), Mariana Maioline e Raysner de Paula, o espetáculo “Danação” estreou em Belo Horizonte, em outubro de 2016.

Em cena, Eduardo Moreira (que em breve comemorará trinta e cinco anos de trajetória de teatro de grupo junto ao Galpão) experimenta, pela primeira vez, uma atuação solo: é ele o responsável por dar voz e forma às figuras que surgem ao longo da narrativa compartilhada com o público por um narrador que tem urgência de partilhar recordações, silêncios e algumas histórias que abordam questões sobre a vida, a morte, o amor e a memória. Ao se deparar com homens e mulheres, reunidos, em uma sala, a espera de algo ou de alguém, ele se põe, então, a contar sobre uma mãe que engabelou a morte para retardar o encontro da danada-sem-jeito com sua filha. E no empenho de narrar essa façanha com riqueza de detalhes, o homem envereda por descaminhos que o levam a passear por memórias do tempo vivido por ele dentro do coração de uma mulher, depois de ter despencado naquele lugar, onde uma menina com um poço de não no meio do peito se escondia da morte.

Criado ao longo de quatro meses de ensaio, “Danação” começou a ser imaginado em 2014, quando Eduardo foi convidado pelo autor do texto para fazer a sua leitura dramática no projeto “Janela de Dramaturgia”. Desde então, o desejo de materializar essa ideia teatral ganhou contornos e agregou os artistas Marcelo e Mariana, que assumiram a direção da peça. Apesar desses artistas já terem se encontrado em outros trabalhos, é a primeira vez que os quatro elaboram, juntos, uma obra teatral. O cruzamento dessas distintas trajetórias foi um dos pontos altos desse processo criativo. A linguagem adotada na peça flerta com a obra de João Guimarães Rosa, numa espécie de homenagem a esse grande e importante autor mineiro. Mas sua construção bebe também das poéticas de autores como Manoel de Barros, Valter Hugo Mãe e Mia Couto.

A montagem do solo partiu de dois princípios: o desejo de que as palavras do texto se fizessem vivas e tocassem a carne do espectador; e a criação de um vazio teatral, um espaço magicamente vazio que se preenche com a imaginação da plateia.

“Danação” aposta, ainda, no ato narrativo (palavra + ação) por acreditar na potência da escuta, no ato de imaginar (e partilhar) outras formas de realidade; outras formas de habitar a vida (e a morte) e de enxergar os limiares entre o real o surreal. A peça faz um pacto com o espectador, conferindo-lhe autonomia para construir diversas imagens durante o desenvolvimento da narrativa. É um convite ao público para confabular junto, em um exercício de imaginação que é, também, uma forma de resistência, frente a todo embrutecimento das capacidades sensíveis que estamos submetidos atualmente.

 

SINOPSE

Um homem narra memórias do tempo vivido por ele dentro do coração de uma mulher, depois de despencar naquele lugar.  Lá ele conviveu com uma menina, que se escondia da morte. No entanto, nada parece estar evidenciado na memória dele, que se empenha no exercício de lembrar enquanto inventa formas de contar essa história.

 

FICHA TÉCNICA

Solo de Eduardo Moreira

Direção: Marcelo Castro e Mariana Maioline.

Texto: Raysner de Paula.

 

SERVIÇO

19 e 20 de maio

Local: Estação Ponto de Partida, em Barbacena – MG

Telefone: 3331-5803

Classificação: 18 anos